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Gaza: apelamos a um cessar-fogo imediato

O cenário de sofrimento, opressão, guerra e morte a que assistimos desde o ataque terrorista do Hamas a 7 de outubro em Israel, seguido de uma resposta desproporcional e desumanizante do Estado de Israel na Faixa de Gaza, causa-nos, humanamente e enquanto associação cuja área de trabalho são os Direitos Humanos, consternação e repúdio. Perante uma realidade tão dramática e sensível, é importante reforçar que nenhuma forma de violência, discriminação e manifestação de ódio é aceitável. 

A ILGA Portugal junta-se às inúmeras vozes que se erguem apelando ao cessar-fogo imediato, necessidade urgentemente reiterada ontem, dia 2 de novembro, pela Organização das Nações Unidas.

A crise humanitária em Gaza, à qual temos assistido há anos, está a escalar rapidamente. É altura, portanto, de a comunidade internacional fazer tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à violência atroz que testemunhamos, para que possam, no futuro, ser pensados horizontes de paz e convivência. O ataque indiscriminado a civis e a crescente escalada de atrocidades constituem uma violação contínua do direito humanitário internacional e do direito penal. Se existem mecanismos de monitorização dos atentados contra os Direitos Humanos, é agora que devem ser acionados. 

Condenamos veementemente o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, ocorrido a 7 de outubro. Condenamos veementemente a resposta desproporcional, violenta e estratégica por parte das Forças de Defesa de Israel, numa escalada sem precedentes da crise humanitária e política na qual aquela zona se encontra desde 1947. O ataque do Hamas não justifica, de forma alguma, o massacre das pessoas palestinianas. 

Alguns países do mundo criaram ferramentas legais para garantir que os Direitos Humanos sejam observados em todos os momentos de conflito, mas sabemos, infelizmente, que estas ferramentas não são utilizadas em todos os pontos do globo, e que a solidariedade internacional é, também ela, muitas vezes informada pelas noções de branquitude, do “outro” e pela lente do preconceito e do privilégio. Assim, condenamos veementemente todos os Estados que apoiam, de forma direta ou indireta, o massacre que está a acontecer na Faixa de Gaza, e que está a vitimizar não só as pessoas palestinianas, como as pessoas israelitas e as pessoas nos países na sua fronteira. 

Por tudo isto, sentimos uma enorme preocupação com o aumento de agressões e violência antisemita e islamofóbica, em todo o mundo e online. Estas são as alturas em que mais nos devemos lembrar de que todas as pessoas merecem uma vida digna e o respeito pela sua diferença e existência. Apelamos, assim, à compaixão e solidariedade e à procura dos valores fundamentais que unem todas as comunidades, apesar das suas diferenças. 

No que ao nosso trabalho particular diz respeito, sabemos que sempre que ocorrem ataques terroristas, guerras e crises humanitárias, as pessoas LGBTI+ enfrentam preconceito e níveis agravados de violência ao procurarem os serviços e apoios vitais para a sua sobrevivência e resistência. A luta pelos direitos das pessoas LGBTI+ é uma luta pela igualdade, pela justiça, pelo respeito pelos Direitos Humanos, sendo a celebração de todas as diferenças. É uma luta que se faz sem maniqueísmo, sem instrumentalizações, sem anti-semitismo, sem islamofobia. É uma luta em nome da paz, nunca em nome da guerra. Por isso mesmo, reconhecemos que a luta das pessoas LGBTI+ não é independente de todas as outras lutas pelos Direitos Humanos, e que todas elas se fazem num caminho conjunto. Assim, esta é também uma luta nossa.

A todas as nossas pessoas associadas, a todas as pessoas das nossas comunidades, judaicas, muçulmanas, cristãs, de outros credos religiosos ou sem credo, que estão a atravessar este momento em sofrimento, manifestamos o nosso apoio e solidariedade, reiterando o nosso compromisso de defesa e proteção dos seus direitos. Estamos contigo.