Notícia

Dia Internacional pela Despatologização Trans

Hoje, 22 de outubro, assinala-se o Dia Internacional pela Despatologização das Identidades Trans, convocado pela Trans Depathologization-Network na campanha Stop Trans Pathologization em 2002, e que resulta de uma iniciativa dos ativismos da primeira década do XXI.

Este dia tem na sua génese a retirada da classificação dos processos de afirmação de género como diagnósticos de saúde mental no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM) da Associação de Psiquiatria Americana e da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde.

Neste mesmo sentido e porque nada mudou muito:

  • procuramos promover um acesso digno, sustentável, público e gratuito aos cuidados de saúde trans específicos e não específicos;
  • procuramos promover o consentimento informado para o acesso a tratamentos trans específicos, ao invés de requisitos médicos.

As tecnologias e mecanismos de género são fundamentais para manter a estrutura social que tanto bloqueia as nossas vidas, mas nós questionamos.

Questionamos a cis-normatividade, questionamos o binómio mulher/homem, questionamos as normas sociais, questionamos as estruturas fundamentais do patriarcado.

Nós questionamos, porque não acreditamos que o mundo seja justo.

Nós questionamos, porque não acreditamos que o mundo possa florescer deste modo.

Nós questionamos, porque não se morre por se ser trans. Morre-se por transfobia.

Lembremo-nos do crescimento e ascensão de forças políticas e ideológicas “anti-trans”, que perpetuam discurso de ódio encapotado de liberdade de expressão e bons costumes. Exigem de uma forma insidiosa o nosso apagamento e a nossa invisibilidade na sociedade.

Lembremo-nos que a sociedade nos encasula, fechando as nossas hipóteses de florescer e encontrar um lugar digno para nós. É por isso que não: não queremos mais apagamento, invisibilidade ou morte. Que o nosso corpo possa existir em paz.

Porque nós estamos cá e com força.

Lembremo-nos o quanto fizemos até hoje, o que estamos a fazer e o que potencialmente podemos vir a fazer. Nós merecemos estar em sociedade porque esta nos pertence. Nós merecemos amor e afeto porque estes nos pertencem.

Porque nós estamos cá e com amor.

Porque nós estamos cá, para existir e resistir.