O Dia Internacional do Fetiche é um dia de apoio à comunidade BDSM. A data surgiu como Dia Nacional do Fetiche a 21 de janeiro de 2008, no Reino Unido. A primeira comemoração internacional deu-se em 2009, a 16 de janeiro. E desde aí tem-se comemorado sempre na terceira sexta do ano. Esta data nasce com o objetivo de consciencializar e apoiar esta comunidade e ao mesmo tempo, promover uma maior abertura sobre os temas relacionados com a sexualidade.
Durante muitos anos, todas as formas e práticas da sexualidade que não fossem estritamente normativas e com vista ao objetivo da procriação eram associadas a algum tipo de patologia intrínseca. Ou seja, as práticas da sexualidade não normativa estavam em linha com diagnósticos de doença mental ou outro tipo de disfunção das pessoas que as praticam. Importa também referir a ajuda crucial que a comunidade do Fetiche e do Kink tiveram na luta pelos direitos LGBTI+ desde o início, assim como ter estado na linha da frente do apoio e do ativismo aquando da pandemia do VIH/SIDA nas décadas de 1980 e 1990. É também com esta comunidade que os conceitos de consentimento ganharam força na proteção de vítimas de violência sexual e de outros tipos. Com todo este contexto importa hoje falarmos deste dia e assinalá-lo.
Anos de patologização causam danos sociais muito graves, como o aumento do estigma, da rejeição, da não compreensão e acima de tudo, impede as pessoas de usufruir do seu próprio corpo como desejam, retirando-lhes a sua autodeterminação no acesso ao prazer consentido.
É por isso importante estar com atenção às nossas próprias dificuldades em compreender a outra pessoa na sua subjetividade e realidade. Todas as pessoas são diferentes e por todas serem diferentes, devem ter acesso de forma transversal a meios que as empoderem.
Sabemos, hoje, que a sexualidade e a prática da sexualidade é muito diversa em vários eixos e a sua forma está intrinsecamente ligada com uma forma subjetiva de sentir prazer ou praticar o prazer. É, neste sentido, que aproveitamos este dia também para falar de consentimento, de acesso ao prazer, de autodeterminação e relações saudáveis. A importância destes elementos é imensa para se conseguir uma sexualidade saudável.
A diversidade é uma característica chave da humanidade e, como tal, importante de se respeitar e considerar como um elemento único da nossa espécie. Por quanto, urge sensibilizar para o respeito das necessidades sexuais (ou não sexuais) de cada pessoa, bem como para o sim entusiástico, pró ativo e sem ambiguidade. É assim importante recordar que precisamos de criar espaços seguros para podermos exprimir e falar daquilo que é para nós sexualidade e de que forma isso impacta a nossa vida do dia a dia.
Lutamos por uma sexualidade e prática sexual saudável, em que o consentimento, o acesso ao prazer e auto determinação sejam a chave essencial para o bem estar de todas as pessoas nas suas subjetividades, no seu prazer psicológico e físico. Queremos, desta forma, que todas as pessoas tenham acesso à informação, acesso à saúde e acesso à justiça digna, independentemente das suas práticas ou desejos sexuais.
17 de janeiro de 2025