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Comunidades, cuidado mútuo e resistência contra o ódio e a opressão

Comunidades, cuidado mútuo e resistência contra o ódio e a opressão

A situação sociopolítica em Portugal, na Europa e no mundo tem vindo a desenhar-se ameaçadora há já bastante tempo, e os últimos meses, semanas e dias têm sido particularmente difíceis de enfrentar. Entre as nossas comunidades, cresce um sentimento de desproteção e de não escuta. Prova disso são as várias vezes que temos saído à rua, seja para exigir mais dignidade na habitação, para travar o racismo e a xenofobia, para gritar que as nossas existências são válidas ou para nos solidarizarmos com povos e comunidades atacadas horrendamente nas suas vidas, memórias e culturas.

Os Direitos Humanos encontram-se cada vez mais ameaçados em Portugal, e é irresponsável negá-lo ou minimizá-lo, porque isso será normalizar e justificar o ódio e a violência. O que nos cabe fazer é combater esta mesma normalização, percebendo quais as suas origens e encontrando linhas de atuação comuns e múltiplas.

É possível que sintas confusão, angústia, solidão, raiva, apatia e incapacidade para lidar com todo o caos político que invade a nossa vida diária. Entre notícias, desinformação, discursos políticos insuficientes ou manifestamente violentos e LGBTIfóbicos ou comentários e conteúdos de ódio, a revolta que sentes é legítima, mas é uma poderosa ferramenta para enfrentarmos coletivamente os tempos que se avizinham.

A resistência dialogada, partilhada, organizada é agora mais importante do que nunca. Por isso, temos de agir como sempre temos feito historicamente nos momentos mais desafiantes: com base nas nossas comunidades e nos cuidados mútuos. Tu não estás só, essa é a estratégia e ilusão que quem nos ameaça pretende criar. Em coletividade, somos a resistência. Em coletividade, criamos múltiplas comunidades, que sentem as mesmas angústias, partilham da mesma revolta, procuram as soluções para os mesmos problemas.

São vários os espaços, associações e coletivas que fortalecem este sentimento de pertença. Onde podes partilhar os teus pensamentos e preocupações para os transformares em ações de resistência, de luta e de protesto, afeto, amor e cuidado.

O Centro LGBTI+ é um destes espaços, sempre de porta aberta para te receber. Se o Centro LGBTI+ não for o que procuras, o que precisas ou não te for geograficamente acessível, existem por todo o país vários espaços, coletivas e organizações que têm na sua raiz a preocupação e a luta pelos Direitos Humanos, com várias formas de fazer e de acolher. É esta diversidade que nos fortalece. Não estás só, não estamos sós.

Seguimos lado a lado, nas nossas diferenças e nas nossas semelhanças, trabalhando e lutando pelo mesmo horizonte: mais dignidade, mais direitos, mais felicidade, mais vida.

14 de março de 2024