Ainda sobre o Dia (Inter)Nacional de Luta contra a Homo, Bi, Trans e Interfobia
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O #IDAHOBIT2021 / 17 de Maio é um dia que importa ser assinalado por todas as instituições, e não só por aquelas diretamente ligadas à defesa dos direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo e das suas famílias. Ver uma bandeira arco-íris hasteada neste dia é sinal de que o sítio onde estamos ou que representamos assume o compromisso de assegurar direitos e promover a visibilidade da comunidade LGBTI+ e acima de tudo sinaliza a união de pessoas aliadas nesta luta pela igualdade e não discriminação. Ver uma bandeira é simbólico e reivindicativo: indica-nos que há progresso social e um reconhecimento individual e coletivo de que os direitos das pessoas LGBTI+ são Direitos Humanos. E claro: que temos direito a todos os direitos, principalmente a uma vida digna e plena em segurança e liberdade.
Pela primeira vez, podemos considerar que houve uma expressão nacional de Orgulho LGBTI, com bandeiras hasteadas ou fotos e vídeos com mensagens institucionais por todo o país: Lousã, Lagoa, Almada, Lisboa (Câmara Municipal, Junta de Freguesia da Misericórdia – a primeira a tomar este passo na história autárquica –, Junta de Freguesia do Lumiar), Leiria (Câmara Municipal e União das Freguesias de Marrazes e Barosa), Loures, Vila Nova de Gaia, Matosinhos (Casa da Juventude), Torres Vedras, Moita (Câmara Municipal e Junta de Freguesia da Moita do Ribatejo), Braga (Junta de Freguesia de São Victor) na Região Autónoma dos Açores – Madalena (Ilha do Pico), Vila do Porto (Ilha de Santa Maria), Ribeira Grande, Povoação, Ponta Delgada, Vila Franca do Campo (Ilha de São Miguel) – entre tantas outras que pedimos desde já que nos ajudes a sinalizar.
17 de maio de 2021 17 de maio de 2021 17 de maio de 2021 17 de maio de 2021 17 de maio de 2021 17 de maio de 2021 17 de maio de 2021 17 de maio de 2021
Foram pela primeira vez hasteadas bandeiras na Presidência do Conselho de Ministros – pela Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade de Género – e na residência oficial do Primeiro Ministro. Para além da bandeira arco-íris, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género hasteou, pela primeira vez, a bandeira trans. Várias embaixadas com representação em Portugal hastearam bandeiras, entre elas Canadá, Estados Unidos da América, Reino Unido e Austrália.
Este reconhecimento tem um potencial transformador ao nível de reconhecimento das especificidades das pessoas LGBTI+ e das suas famílias e adoção de melhores políticas públicas.
Portugal ficou em 4º lugar no ranking do Rainbow Map da ILGA Europe, e não pelas melhores razões (embora possamos celebrar orgulhosamente as alterações à norma da doação de sangue, que discriminava aberta e incompreensivelmente homens gays e bissexuais). E o Mapa Interativo de Direitos Trans da TGEU também reflete o que já se vira no Rainbow Map: no último ano assistimos a uma clara estagnação e até retrocessos nos direitos LGBTI por toda a Europa. Isto deve-se não só não só à estagnação dos processos nos países mais progressistas, mas também às medidas agressivas de países como a Polónia e a Hungria, que no último ano têm vindo a retirar direitos fundamentais à população LGBTI.
O 4º lugar no ranking europeu precisa destas bandeiras mas precisa acima de tudo que esta visibilidade seja constante e transversal na política e sociedade portuguesa e também no discurso e influência externa e diplomática de Portugal.
Aplaudimos todas estas entidades e reforçamos que o hastear da bandeira vem acompanhado de uma expectativa de compromisso diário e inequívoco com promoção da diversidade, igualdade e segurança e, claro: com políticas públicas sérias e transversais a todas as áreas de atuação do Estado.
Mas porque o 17 de Maio é também um dia comunitário e de empoderamento da comunidade face à homo/bi/trans/interfobia, assinalamos o reforço da presença da ILGA Portugal nas ruas e com atividades comunitárias fora de portas. Foi com grande felicidade que regressamos com a rede ex aequo e a Amplos ao Mercado Mercado Arco-íris, organizado pela Junta de Freguesia da Misericórdia e pelo fantástico conjunto de pessoas que compõem o Mercado do Bairro, cujo donativo contribuirá para continuarmos a dar apoio aos pedidos de ajuda que diariamente chegam até nós, mas mais do que isso: cuja resiliência e cujos sorrisos e mensagens de apoio nos fazem querer continuar este caminho, apesar das adversidades.
Este dia foi especialmente celebrado numa sessão partilhada com o Queer Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa, comemorativa do #IDAHOBIT2021 e dos 25 anos do festival, com o visionamento do documentário francês ‘Famille Tu Me Hais’, que retrata realidades de jovens LGBTQI+ em situações de emergência. Foi também o momento de apoiar e formar parceria com novo projeto de itinerância do Queer, que irá levar a experiência do festival a várias localidades do país, já a partir de novembro de 2021, tendo como objetivo descentralizar o debate sobre as questões LGBTQI+.
Estreamos uma nova cooperação pela #CienciaSemArmarios, com o projeto SCI do Armário – representação das pessoas LGBTI na academia e nas ciências exatas (STEM) em Portugal. Participamos ainda em várias conversas e ‘webinars’:
- “Experiências e boas práticas na intervenção LGBTI” e “Together with LGBTI persons: paces, challenges and dialogues”, promovidos pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género
- TransGressive – conversas sobre cuidados de saúde a pessoas não cisgénero promovidas pela ANEM | Associação Nacional de Estudantes de Medicina
- “Working with People with Diverse Sexual Orientation, Gender Identity, Gender Expression and Sex Characteristics (SOGIESC) in the Context of Migration: resources, tools and lessons learned”, promovido pela International Organization for Migration (IOM)
- “Defending LGBTI Rights in the EU: linking Rule of Law with Fundamental Rights”, promovido pelo Intergrupo LGBTI do Parlamento Europeu
- III Jornadas de Braga Contra a Violência, promovidas pela APAV
- Sessão promovida pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa
- Sessão “Boas Práticas para uma Educação LGBTI – inclusiva”, promovida pela APPDI – Carta Portuguesa para a Diversidade
- TwitterChat sobre Direitos LGBTI+
E no artigo de opinião “Direitos LGBTI: quando subir num ranking é sinal de tempos conturbados”, a Diretora Executiva da ILGA Portugal, Marta Ramos, apontou o caminho para o necessário e urgente investimento em respostas e políticas públicas específicas, muito mais em contexto de Covid-19, a par de uma harmonização legislativa por cumprir.
Resta-nos desejar que todos, todos, todos os dias dos nossos calendários sejam dias de Luta contra a Homo, Bi, Trans e Interfobia. Que sejam dias de solidariedade pela interseccionalidade. E que sejam dias em que os Direitos Humanos prevalecem sobre os movimentos de ódio. A todas as pessoas e instituições que se revêem nestes ideais, o nosso solidário agradecimento. Sempre por Muito Mais Igualdade.